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Otimização do tempo: Comunicação e negociação

Existe uma expressão antiga que diz: “a pressa é inimiga da perfeição”. Eu adaptaria essa frase para “a pressa é amiga do retrabalho e o retrabalho é inimigo da produtividade”. Mas se tempo também está ligado à velocidade, como a pressa pode ser sua inimiga? Eu entendo “pressa” como sendo velocidade sem estratégia, logo outra expressão que nos garantirá um melhor entendimento é: “seja rápido, mas sem pressa”.

Quando falamos em gestão do tempo, a primeira palavra que precisa vir à mente é propósito, afinal a direção é mais importante que a velocidade. Saber aonde você quer chegar é o primeiro passo para se chegar lá! Mas a partir do momento que a direção foi definida, fará muito sentido ter velocidade, embora velocidade requeira planejamento, analise de ambiente e estratégia. Na prática, temos um olhar enganoso acerca da real velocidade em nossas vidas.

Um belo exemplo está relacionado à comunicação e relacionamentos interpessoais. Às vezes nossa falta de tempo, geradas por nós mesmos, nos leva a comunicarmos de maneira ambígua. Tendemos a acreditar que as pessoas estão pensando exatamente as mesmas coisas que nós, naquele exato momento. Quem já não se pegou perguntando para alguém se ela “irá lá hoje à noite?” E a pessoa responde: lá onde? Ou então, pergunta: o que você pensou daquela questão? E adivinhe a resposta: que questão?

São aspectos tão óbvios na comunicação e ao mesmo tempo tão comuns nas melhores empresas e lares. Comunicar de forma detalhada, saber que o óbvio para você não é óbvio para o outro, olhar nos olhos das pessoas enquanto fala e pedir para ela repetir o que entendeu sobre o que você disse, podem fazer significativa diferença nesse processo e garantir compreensão sustentável. Alguns executivos delegam de forma tão objetiva que se deparam com um resultado desastroso e acabam por preferir centralizar, na doce ilusão de estar otimizando o tempo.

Vendedores que não possuem a paciência de perguntar muito e ouvir de forma genuína antes de oferecer determinado produto ou serviço podem perder um cliente em potencial para sempre. Uma mãe que na ânsia de educar bem seu filho prefere falar mais ou dar respostas prontas ao invés de observar e agir com empatia no relacionamento diário, pode perder grandes oportunidades de construir laços fortes de amor e amizade. Respostas só são assertivas a partir do momento que é investido tempo na escuta ativa e exercício da empatia. Pode não parecer, mas a empatia é a forma mais rápida da comunicação humana.

Outro elemento fundamental para a construção do relacionamento duradouro é a negociação. Quem sabe negociar, sabe entender as necessidades da outra parte e trabalha com criatividade para atendê-las. Sim… Identificar necessidades e interesses da outra parte e não só da sua parte, como costuma acontecer, já que é o caminho mais fácil e aparentemente rápido. Quem atende apenas necessidades próprias pode até atingir seu objetivo na primeira negociação, porém é uma relação a curto prazo que abalará a confiança para garantir que novas negociações aconteçam com êxito e agilidade nas próximas vezes.

Tempo não se restringe ao hoje, mas também ao planejamento de médio e longo prazo. O quanto suas ações garantirão resultados positivos perenes? Ações estruturadas de hoje, podem contribuir para mais tempo livre amanhã. Não é por acaso, que outra expressão muito usada no nosso dia a dia é: “demora-se anos para conquistar a confiança de alguém e apenas segundos para destruí-la”. De fato, ações positivas podem exigir mais tempo de nós para o alcance do resultado, mas trata-se de um investimento que trará retorno sem medidas. Já ações negativas podem ser imediatas, gerando prazeres instantâneos, porém, seu resultado terá um efeito multiplicador, tendo impacto não só com a pessoa afetada diretamente, mas por todo seu círculo de influência.

Experimente tentar fechar negócios rápidos com alguém que não confia em você? Se sua vida dependesse de uma pessoa que vivenciou uma negociação anterior com você, qual te salvaria? A bem sucedida ou a mal sucedida? Lembrando que segundos podem salvar uma vida à beira da morte, com certeza uma negociação bem sucedida terá um impacto sem precedentes! E olha que uma negociação mal sucedida nem sempre ocorre por falta de caráter, mas geralmente ocorre por falta de técnicas e competências nessa área. Uma comunicação ambígua ou a falta de informações durante o processo de negociação podem acarretar em falta de confiança e, consequente, negociação desestruturada. A grande reflexão final é que independente se a culpa foi sua ou não, o problema sempre será seu! Então veja cada tempo dedicado ao relacionamento com as pessoas como um investimento e não tempo perdido.

*Tathiane Deândhela é Mestre em liderança pela Universidade de Atlanta, Especialista em Gestão do Tempo, Master Coach Trainer, Consultora de carreira e Executiva Multidisciplinar. Possui curso de Negociação pela Universidade de Harvard. CEO do Instituto Deândhela. Também é diretora de Novos Negócios da AJE Goiás (Associação de Jovens Empresários).

Publicado originalmente no blog Ludovica.

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