Provavelmente você já tenha ouvido a famosa expressão: “quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro”. Mas quando estudamos profundamente sobre grandes nomes da história e analisamos a rotina de quem não só ganhou muito dinheiro, como também deixou seu legado, percebemos uma clara contradição dessa expressão com a realidade. Todos eles precisaram fazer escolhas e abriram mão de muitas coisas para se dedicar arduamente ao treino, estudo e execução do trabalho. Alguns deles chegam a ser insanos na gestão do tempo: mal conseguiram distinguir momentos de lazer e de trabalho.
Pense em um nome que, pra você, representa o sucesso. Steve Jobs, Walt Disney, Abílio Diniz, Jack Welch… Não importa quem seja a sua referência, todos eles trabalharam muito para chegar onde chegaram. Até mesmo um estudo de Malcolm Gladwell comprovou essa tese. Ele afirmou que são necessárias pelo menos 8 horas de dedicação por dia, todos os dias por 4 anos, para tornar-se um gênio na área dedicada. Isto é: alcançar o nível expert exige 10 pelo menos mil horas de prática.
Portanto, independente de como dividimos essas 10 mil horas em nossa vida, precisamos de uma carga horária mais extensa para sermos destaque, podendo antecipar o prazo do resultado ou adiá-lo, dependendo de nossa motivação e entrega diária.
Mas como se aplica a gestão do tempo para experts? Tudo começa com a identificação de seus valores e de onde quer chegar. Ou seja: propósito. Se você quer ser uma excelente mãe e isso é mais importante que todas as demais coisas para você, sua dedicação maior precisa ser destinada para isso. Quase todas as outras tarefas e atividades precisarão ser renunciadas. Esse é o preço da escolha. Afinal, não temos condições de “abraçar o mundo”. Quando você tem claro na mente qual legado quer deixar e como quer ser lembrado, todas as escolhas e renúncias se tornam mais fáceis ou menos complicadas.
Einstein, um grande gênio da história, construiu teorias fantásticas. Mas o fato é que ele também não era bom em tudo. Tinha grandes pontos vulneráveis em outras áreas que, nem por isso, abalaram sua genialidade. Você pode escolher ser bom em muitas coisas, mas isso o tornará um profissional mediano. Isso também pode ser muito interessante, dependendo de como queira ser lembrado lá na frente. Portanto, não cabe julgarmos as escolhas de cada um, pois somos diferentes, temos valores diferentes. Shakeaspere certa vez disse: “Com o tempo você aprende que com a mesma severidade que julgares, um dia serás julgado”.
A grande conclusão é que o equilíbrio é relativo, dependendo do que você quer alcançar, e não existe certo ou errado para isso. Ele não precisa ser necessariamente 50% / 50%. Você pode dedicar 80% do seu tempo ao trabalho e 20% à família ou vice versa e se sentir plenamente equilibrado. Afinal, você estará totalmente coerente com aquilo que acredita e com o que realmente importa para você. E se muitos afirmam que gestão do tempo é equilíbrio, cabe ressaltar que equilíbrio é relativo para cada pessoa.
Por isso, na minha visão, assumir o controle do seu tempo extrapola o relógio, pois está mais ligado à evolução. Trata-se de você conseguir mensurar grandes realizações durante sua vida. Segue uma reflexão: até que ponto vale a pena se dedicar a uma área de sua vida em detrimento de outras? Por exemplo: prejudicar a saúde em virtude de uma escolha poderá culminar em resultados a curtíssimo prazo. Logo, as áreas da roda da vida precisam ser contempladas dentro das 24 horas que Deus nos deu, sejam elas atrativas aos olhos ou não.
E quanto à expressão que começamos nossa reflexão?
Eu acrescentaria uma única palavra para que ela faça sentido: quem trabalha muito no operacional, não tem tempo para ganhar dinheiro. A questão não está necessariamente em trabalhar muito. O problema é centralizar e se dedicar a muitas tarefas repetitivas que poderia delegar. No filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, fica claro que tarefas maçantes e repetitivas não só levam a lesões como também nos condiciona ao piloto automático. Elas restringem a mente e o conhecimento. Tanto é assim que após a era industrial essas atividades puderam facilmente ser substituídas por máquinas. Finalmente, repetir todos os dias as mesmas atividades operacionais não te dará tempo de criar, projetar novas ideias e construir a vida que deseja para si.
* Tathiane Deândhela é Mestre em liderança pela Universidade de Atlanta, Especialista em Gestão do Tempo, Master Coach Trainer, Consultora de carreira e Executiva Multidisciplinar. Possui curso de Negociação pela Universidade de Harvard. CEO do Instituto Deândhela. Também é diretora de Novos Negócios da AJE Goiás (Associação de Jovens Empresários). Site: www.institutodeandhela.com.br