Se gestão do tempo é um desafio na atualidade para a maior parte das pessoas, para mulheres esse desafio é ainda maior. Isso porque a mulher aproveita sua habilidade de multitarefas e assume a responsabilidade de fazer inúmeros papéis na ilusão de que é uma Mulher Maravilha. No final, acaba esgotada, sem tempo para cuidar de si mesmo e com muitas coisas que ficaram por fazer.

De fato, atividades de casa, como limpeza, manutenção e alimentação são tarefas ingratas. Afinal, precisam ser repetidos todos os dias como se fosse à primeira vez. Elas geram um desgaste físico, que somado à responsabilidade de educar os filhos, o emocional também vem à tona. Essas responsabilidades já são o suficiente para deixar qualquer mulher ocupada o dia todo, mas como se não bastassem, as mulheres entraram com tudo no mercado de trabalho e muitas vezes precisam conciliar atividades domésticas com o seu profissional.

Diante desse cenário, se a mulher quer garantir a excelência em todas essas áreas, ela não poderá ser a executora de tudo sozinha. Afinal, seria necessário muito mais que 24 horas por dia para dar conta de toda demanda diária. É nessa hora que a competência de liderança para a mulher tem um papel de extrema relevância. Liderança é a capacidade de inspirar outras pessoas a quererem contribuir e, para tal, existe uma série de ferramentas e estratégias criativas que corroboram com esse objetivo.

Que tal fazer um placar com os nomes e fotos dos filhos vestidos de algum personagem que eles gostem, de modo que todos os dias possam olhar e alimentar junto o placar, para mensurar como estão progredindo? Elogiar e reconhecer cada conquista dos filhos e membros da família também podem ser bons ingredientes de motivação.

A grande questão é que temos a sensação que liderança inspiradora gasta tempo, já que treinar as pessoas para fazer bem, ou melhor do que eu, cada atividade, estimular, acompanhar, elogiar, criar recursos inovadores de inspiração, dentre outras estratégias para garantir a efetividade para a realização das tarefas, de fato gasta muito tempo, mas trata-se de investimento e não desperdício. O retorno do tempo gasto virá na mesma ou maior proporção do que foi gasto.

Muitas mães e esposas acabam centralizando tudo nelas, pois acreditam que será mais rápido se elas mesmas fizerem todos os dias as mesmas coisas do que tirar uma hora para desenvolver filhos e marido para tal. Por mais que a tarefa seja de cinco minutos, compensa investir uma hora para treinar as pessoas. Tarefas de cinco minutos repetidas todos os dias dará quanto do seu tempo ao final do ano? E ao final de 10 anos fazendo as mesmas coisas? O cálculo que precisa ser feito é do total de horas da sua vida e não apenas de um dia.

Há quem diga que também não gosta de delegar porque não gosta de falar mais de uma vez a mesma coisa e quando percebe que a tarefa não foi executada da maneira que queria, prefere ir lá e fazer. Nesse caso, vale a pena trazer isso como um feedback a si própria e pensar se está orientando da maneira correta ou se pode aperfeiçoar sua comunicação. Da mesma forma, lembre-se que na vida não fazemos só o que gostamos e, por vezes, há um preço a ser pago. Que seja, então, o preço de uma comunicação mais persistente.

Vejo muitas mulheres acordando de madrugada para lavar e passar roupa, depois trabalha fora o dia todo e quando chegam em casa, vão preparar jantar e almoço para o outro dia. Dormem em torno de 4 horas por dia e não possuem tempo de cuidar de si mesma. Final de semana é dedicado a fazer faxina geral na casa e acompanhar o desempenho escolar dos filhos. Os estudos e a leitura de um bom livro são deixadas de lado por muitos anos, sendo que eles poderão representar a mudança na vida delas. Provavelmente, essa mulher nem terá tempo de ler esse artigo, a não ser que alguém o recomende para ela ler.

A recomendação é que divida as tarefas domésticas com todos da família e que avalie o custo financeiro para contratar alguém que ajude. Se o problema for o valor dessa profissional, avalie quanto é o valor da sua hora. Quanto você deixará de ganhar por estar dedicando muito tempo a essas tarefas tão operacionais? Às vezes, compensa tirar parte do orçamento para esse investimento.

Vejo, por exemplo, muitas pessoas gastando um dia se deslocamento de um lugar para outro para obter uma economia de R$ 100,00. Dependendo do valor que você recebe por hora de trabalho, está saindo muito mais caro essa economia. Gastar 10 horas semanais com tarefas de casa, sendo que você poderia pagar R$ 2.000,00 por mês para alguém fazer isso para você e ainda ter momentos de descanso e descontração com a família é uma economia burra. Não pense apenas no que irá economizar, mas no que deixará de ganhar se permanecer com esse mesmo modo de agir.

* Tathiane Deândhela é Mestre em liderança pela Universidade de Atlanta, Especialista em Gestão do Tempo, Master Coach Trainer, Consultora de carreira e Executiva Multidisciplinar. Possui curso de Negociação pela Universidade de Harvard. CEO do Instituto Deândhela. Também é diretora de Novos Negócios da AJE Goiás (Associação de Jovens Empresários). Site: www.institutodeandhela.com.br