O Brasil clama por saúde, paz, liberdade e justiça. Por todo lado, nos deparamos com notícias falando sobre o aumento da violência, a crise econômica, a crise política e sobre o sistema precário de saúde. Dentre esses problemas, podemos destacar as doenças provocadas pelo mosquito  transmissor Aedes aegypti, ou seja, a dengue, o Zika Vírus e a chikungunya. É uma triste realidade que assola a população e, às vezes, pensamos não ter controle sobre isso.

Obviamente é muito cômodo reclamar de tudo e todos para continuar na zona de conforto aguardando ser a próxima vítima. Mas descobri, a duras penas, que reclamar não mudará essa grave situação. Agora o que vale é a luta pela sobrevivência. Certa vez, tive a oportunidade de estudar ao lado de um comandante geral do Corpo de Bombeiros e conversamos sobre como no dia a dia temos a tendência de apagar incêndios, justamente pelo péssimo hábito de deixarmos as coisas se acumularem, por procrastinarmos e depois termos pouco prazo para colocar tudo em ordem e por acharmos que isso nunca acontecerá conosco ou com nossa família. Comportamentos como esses acarretam retrabalhos e grandes margens para problemas mais sérios.

A questão é que nós nos acostumamos de tal maneira a apagar incêndios no nosso dia a dia que isso passa a ser algo natural e quando não os temos, acabamos por criá-los em nossas vidas para termos o que apagar. Enfim, durante a conversa produtiva com o comandante Carlos, fizemos uma brincadeira com nosso amigo dizendo: “É… Temos que dar um jeito na nossa vida, senão daqui uns dias mudaremos de profissão e ficaremos como você! Só apagando incêndios o dia todo”. Ao passo que ele respondeu: “Igual a mim não! O que o Corpo de Bombeiros menos faz ou deveria fazer é apagar incêndio. Nós passamos mais de 90% do tempo atuando na prevenção!”

Essa resposta dele nos permite uma bela reflexão, afinal, se o Corpo de Bombeiros só atuasse apagando incêndios, quantas vidas se perderiam e quantos problemas maiores eles teriam que lidar. Portanto, se nem essa corporação tem o foco em apagar incêndios, por que faremos isso em nossas vidas? Por que perderemos grandes oportunidades e destruiremos sonhos?
Prevenção é a palavra do século. Se não tivéssemos deixado água parada em nossas casas, talvez não teríamos que lidar com isso hoje. E que tal comprar repelente, produtos para casa que espante esses mosquitos? Ou colocar cortinado, ar condicionado, tomar as gotinhas do remédio homeopático? Enfim, existe uma infinidade de recursos, sendo alguns comprovados e outros nem tanto, mas todos com o objetivo de prevenir que esse pequeno transmissor abale nossa estrutura. E se pesquisarmos, existe prevenção para todos os bolsos.

Da mesma forma precisamos atuar em busca de nossa segurança. Prevenção sempre. Olhar para os lados antes de descer ou entrar no carro. Para qualquer atitude suspeita, recuar. Evitar sair sozinha para lugares ermos à noite… Concordo que esse papel de segurança é responsabilidade também do Estado. Sei como é difícil se sentir presa enquanto os ladrões estão soltos pela rua. Mas nunca vi ninguém que reclamou disso passar a ter total segurança pelo simples fato de reclamar. Logo, se escolhermos focar naquilo que podemos controlar poderemos ter resultados mais assertivos.

Tudo isso se aplica à nossa vida como um todo. Se nos capacitarmos e prepararmos para momentos de crise, teremos mais chances de nos destacarmos e de não sermos tão abalados. Se economizarmos dinheiro, cultivando uma reserva, teremos mais habilidade de lidar com as circunstâncias em momentos sombrios. Se percebemos que um mesmo problema surge todo ano, todo mês, semana ou dia na empresa ou na nossa vida, é pertinente que ao contrário de nos acostumarmos com a recorrência, que possamos criar recursos novos e inovarmos para atuar na prevenção.

Enfim, a gestão do tempo nos ensina que o segredo para o alcance da eficácia, tanto da vida pessoal como profissional, está na prevenção. Mulheres visionárias são àquelas que se antecipam e, com atitude, fazem acontecer.

*Tathiane Deândhela é Mestre em liderança pela Universidade de Atlanta, Especialista em Gestão do Tempo, Master Coach Trainer, Consultora de carreira e Executiva Multidisciplinar. Autora do livro “Faça o tempo trabalhar para você”.  Possui curso de Negociação pela Universidade de Harvard. CEO do Instituto Deândhela. Também é diretora de educação da AJE Goiás (Associação de Jovens Empresários).